quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O LADO NEGRO DA GRAÇA




Quando o Pânico começou na TV trouxe uma proposta diferente. Era um humorístico feito por pessoas comuns, pessoas que sabiam tirar sarro do mundo glamouroso da telinha.
Os programas humorísticos da época sabiam muito bem tirar sarro de políticos, viados, caipiras, nordestinos, gaúchos, entre outros. O PÂNICO entrou com uma fórmula revolucionária e nova para tirar sarro de artistas/ celebridades/ subcelebridades.

BOOOOOM!

O programa explodiu! O humorístico garantia a REDETV! o segundo e até o primeiro lugar em alguns domingos. Hoje o PÂNICO NA BAND sofre uma das maiores crises de sua história. Sem contar o PODEROSO CASTIGA, não se comenta mais sobre o programa nas ruas e nas rodas de amigos.

Claro que nenhuma fórmula é eterna e tudo deve ser reciclado, mas o que nunca pode ser mudado é a essência. Carlos Alberto (Mendigo), Vinícius Vieira (Gluglu), Rodrigo Scarpa (Vesgo) e Wellington Muniz (Ceará) eram 4 desconhecidos com um microfone na mão, uma lente na cara e faziam de tudo para chamar atenção. Era possível zoar de Lula a ex-BBB em um mesmo bloco.
O que deu errado com o PÂNICO é que os humoristas viraram celebridades. Me parece que o programa tem uma espécie de hierarquia. Ceará e Vesgo foram os primeiros a atingirem o status de estrela e hoje não se prestam a fazer 25% do que faziam no começo do humorístico, principalmente o Ceará, pois é o que tem talento.

Eduardo Sterblich saia na rua semi nu, pintado de prata e com uma voz fina.
Eduardo foi convidado para ir no Jô Soares 2 vezes e foi um sucesso.

Eduardo conseguiu sua promoção.
Apesar de ter criado o único personagem que ainda faz sucesso no programa, Eduardo hoje é uma estrelinha e não aceitou ser trollado pelo “estagiário”. Eduardo fez absurdos com Guilherme Santana e não aceitou a “vingança” da sua antiga marionete (muito esperada pelos telespectadores). Isso resultou na maçante “briga” entro os dois.

Acho que a mascara caiu de verdade no caso das Tchecas. O PÂNICO deu espaço, por cerca de 2 meses, para 2 mocinhas tchecas que queriam conhecer o Brasil. Uma pena para o programa é que as mocinhas eram inglesas e contratadas por uma nova cervejaria para divulgar o seu novo produto no país, a cerveja PRIOBIDA. A CBBP (cervejaria) conseguiu implantar duas funcionárias no palco do programa mais badalado entre o público de 18 a 35 anos, programa este que é patrocinado pela SKOL! Meu Deus, a AMBEV deve ter ficado muito feliz com a repercussão... só que não!
Ah, meu amigo, os caras ficaram putos PRA CARALHO! Allan Rapp, o diretor, chegou a indagar: “Que credibilidade tem uma empresa que engana o Brasil inteiro?” Na boa, isso é como a Gretchen questionar a credibilidade da Rita Cadillac porque ela fez filme pornô. Justo programa que colocou um Drone dentro do programa A FAZENDA, tentou invadir o apartamento de Carolina Dieckmann com uma escada, tem inúmeros casos de ações bem sucedidas com o seu IMPOSTOR, inclusive invadindo o Big Brother... Esse programa se sentiu prejudicado por causa das tchequinhas?! Não estou criticando as brincadeiras do PÂNICO, adorei todas tanto quanto da história das tchecas.

Hoje o Pânico vive de piadas pesadas para subcelebridades/ anônimos e de entrevistas muito respeitosas com os verdadeiros artistas; ou amigos/ parças, sei lá. Vesgo e Ceará são uma espécie de Amaury Jr vestidos com fantasias. A essência foi perdida e os integrantes do programa agora fazem parte do mundo de glamour que nos primórdios achincalhavam.

Peça Friboi




                 

                A Friboi pertence ao maior conglomerado de frigoríficos de carne bovina. Segundo o Wikipédia, tem um valor de mercado de R$ 17,8 bilhões e um lucro em 2012 de R$ 1,2 bilhão.
                Em 2013, a Friboi iniciou uma bem sucedida campanha para tornar-se uma marca conhecida. Chamou um artista de grande credibilidade, Tony Ramos, para sair pelo Brasil perguntando se a carne era Friboi ou não. Virou até meme. O nome Friboi se tornou sinônimo de excelência mesmo para pessoas como eu, que não fazem a menor ideia da procedência da carne que comem. Em 2014, uma nova jogada. Um caminhão de dinheiro para fazer o rei Roberto Carlos, aparentemente um ex-vegetariano, dizer que come carne Friboi. Foi a pior propaganda do mundo, Roberto não se deu nem ao trabalho de cortar e pôr na carne na boca (talvez por ser rei não deva cortar o próprio bife), mas tanto faz. É assunto, o rei numa propaganda. Mas uma vez o nome Friboi dominando a mídia.
                José Batista Júnior, o Júnior da Friboi, será candidato do PMDB ao governo de Goiás. Ex-deputado estadual, ele é filho do dono da Friboi e usa o nome da marca como nome político, do mesmo jeito que o Tiririca. A campanha para tornar o nome “Friboi” famoso pode tornar-se um exemplo de sucesso de marketing político. Graças às campanhas publicitárias da companhia, ele, mesmo desconhecido, já tem nome, slogan, simpatizantes e pode vender a ideia de que possui qualidade. “Peça Friboi” nas urnas, um bom slogan. E seu nome sendo citado país afora.
                Sinceramente não sei o efeito que as propagandas da Friboi tiveram para o valor da empresa. Acredito que nem os donos da empresa. Sinceramente nunca vi uma empresa deste tipo investindo tanto em marketing. Os olhos deles estão voltados para outubro e só veremos se as peças publicitárias foram bem-sucedidas ou não esse ano após a abertura das urnas. Tony Ramos e o rei não foram usados para vender carne, são cabos eleitorais, mesmo que talvez nem saibam disso.         
                O que leva o dono de uma empresa com um lucro de R$ 1,2 bilhão por ano a concorrer ao governo de um estado? Provavelmente a taxa de retorno. Ele espera obter nos 4 anos de mandato um valor maior do que os R$ 1,2 bilhão que ganha vendendo carne. Está, inclusive, no partido certo para este tipo de planos. O cargo deve realmente trazer coisas boas, para justificar tanta publicidade. Enquanto isso, faça a sua parte: Peça Friboi.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

IMPRENSA S/A




O corporativismo é algo normal em qualquer área. Ajudar o “colega” é muito mais bacana do que ajudar um qualquer.
Existem certas áreas em que essa história de corporativismo é mais acentuada. Na polícia o corporativismo é praticamente uma religião com apenas um mandamento: Ame o próximo policial como a ti mesmo. Mas como eu sou fã dessa profissão, não vou falar disso aqui.

Na imprensa o corporativismo é forte e muitas vezes recebe o nome de “matéria jornalística”.
O caso do cinegrafista Santiago Andrade é um caso chocante porque se trata de mais um pai de família que se vai por causa de uma coisa imbecil. Mais uma daquelas mortes estúpidas que a gente não sabe direito porque aconteceu. Dito isto, que fique claro que eu não estou aqui para dar os parabéns ao assassino pelo magnífico ato de soltar um rojão em uma multidão.

Esse não é um blog informativo, se você não sabe quem é Santiago Andrade e não sabe como ele morreu, vá se informar e volte aqui.
Nesses casos a imprensa cria um clima de guerra. Todas as emissoras de TV relataram o acontecido da forma mais grave possível (como se o próprio fato já não bastasse) e trataram de criar um clima de comoção entre a população.

Essa fantástica cobertura rendeu alguns frutos:
Santiago se tornou mártir de uma imprensa que sofre para poder levar informação às pessoas.

Jornalistas reclamam da falta de proteção e o Ministro da Justiça propôs uma “política de proteção aos jornalistas”.
Dilminha da galera colocou a Polícia Federal no caso.

William Bonner leu, no Jornal Nacional, um editorial.
A ONU se pronunciou sobre o caso.

O crime contra Santiago aconteceu no dia 6 de fevereiro. Dia 9 o policial federal Marcelo Luis de Miranda foi ferido gravemente com um tiro na cabeça após uma tentativa de assalto em SP, tudo isso na frente da mulher e da filha de 4 anos. Dois homens em uma moto anunciaram o assalto e, após a troca de tiros, um assaltante fugiu e outro morreu no hospital. Agora eu te pergunto: um desses crimes é pior que o outro?
Consegui saber que o policial também veio a falecer apenas pela internet. Já no caso Santiago pude acompanhar pela TV, em todos os horários, o acontecimento, o socorro, a morte, as investigações, os protestos da imprensa, Dilminha se pronunciando, identificação dos suspeitos, a prisão dos suspeitos e, pasmem, até o transporte aéreo BA-SP de Caio Silva de Souza. Foi uma cobertura digna de atentado terrorista. Meus parabéns a imprensa brasileira.
No caso Marcelo eu não descobri até agora qual o nome do assaltante morto no hospital, quanto mais se a polícia está próxima de capturar o assaltante foragido. Também não encontrei fotos de Marcelo para colocar aqui.

No editorial do Jornal Nacional foi falado em “ataque a liberdade de expressão”. Puta merda, aquele rojão claramente não foi jogado contra o cinegrafista. Aquele bandido queria apenas “causar” fazendo aquela merda explodir no meio da confusão e, mesmo que quisesse matar alguém, não teria como adivinhar que seria o cinegrafista. Aquela porcaria de rojão poderia ter acertado qualquer um, qualquer cidadão comum. Aí sim seria apenas um crime em uma manifestação, mas na mão da imprensa se torna um ataque à imprensa e a liberdade de expressão. Um editorial bonito e correto em quase todos os pontos, mas que erra apenas em usar a morte de um pai de família para transformar a imprensa em vitima maior da tragédia, sendo que a maior vitima foi SANTIAGO e a sua família. Poderia ter sido o Zé e sua família ou a Maria e sua família.
Por outro lado, agora os manifestantes conseguiram um belo tiro no pé. Os governistas têm faca, queijo e imprensa na mão para aprovar a “LEI ANTITERRORISMO”. Fazer manifestação se essa lei passar vai ser muuuuito tenso.

São 2 homens, 2 pais de família, 2 vítimas da violência, os 2 com mulher e filha. Pena que o corporativismo da imprensa brasileira olhou para apenas um deles e deixou histórias iguais tão diferentes.

Crônicas de uma infância malufista





                Eu sempre gostei muito de eleição quando era criança. Achava tudo uma grande festa e sentia que havia uma comoção maior nas ruas do que há hoje. Talvez seja porque havia uma proximidade maior com a época da ditadura, as pessoas davam mais valor ao fato de poder votar, sei lá. Minha mãe era (e ainda é) malufista fanática, o que significa que as eleições na minha casa tinham sempre este personagem como foco central.
                A primeira eleição que lembro alguma coisa foi para a Prefeitura em 1988. Tinha apenas 4 anos, não me recordo de quase nada, só lembro da minha mãe enfurecida porque a Erundina ganhou, acusando o mundo de fraude e falando que São Paulo iria acabar. Da eleição de ano seguinte eu tenho mais memórias. Em 1989 o brasileiro foi às urnas votar para presidente pela primeiras vez em 29 anos e foi, para mim, a eleição mais legal que já teve. Um trilhão de candidatos, uma quase total ausência de regras, baixaria e grande participação popular. Eu tinha uma bandeira de quase todos os candidatos. À época, 4 candidatos eram os meus favoritos: Maluf (claro), Silvio Santos (nas duas semanas em que ele participou da campanha e zoneou tudo), Éneas (meu nome é Enéas) e Marronzinho (Um cara cujo lema era “pobre vota em pobre” e que tinha como principal promessa usar a Petrobrás para procurar água no Nordeste. Pouca gente lembra, mas no dia da apuração houve uma grande festa para leitura do primeiro voto, e este foi para Marronzinho!).  A eleição era com cédula de papel, lembro-me de sair às 8 da manhã para votar com a minha mãe, com um boné de Maluf. Em seguida, saí para votar com meu pai, que naquela eleição votou no Brizola. Minha mãe pediu para eu enganá-lo e marcar o nome de Maluf na hora do voto, sinceramente não lembro se fiz isso, acho que não. Eis que veio o segundo turno e a grande surpresa: minha mãe, por algum motivo, tinha um ódio mortal de Collor e não só votou como fez campanha por Lula. Não sei quantos votos Maluf teve no primeiro turno, estou com preguiça de pesquisar, só sei que ele ficou em quinto ou sexto. Se ele teve, sei lá, 1.500.000 votos, aposto que 1.499.999 dos seus eleitores votaram em Collor, eu aposto que a minha mãe foi a ÚNICA pessoa que votou em Maluf no primeiro turno e Lula no segundo. Minha casa foi entupida com bandeiras do PT, algo que nunca se repetiu, e minha mãe brigou com quase todas as suas amigas malufistas por Lula. Ela joga na cara de todos até hoje que ela sabia que Collor era bandido.
                Em 1990, outra eleição, dessa vez pra governador. O segundo turno foi Fleury e Maluf. Eu adorava o símbolo da campanha do Fleury, era um catavento. Meu pai aparecia cada dia com um, minha mãe no início chiou, mas depois até começou a pegar alguns para mim na rua. Hoje São Paulo tem duas forças políticas, PT e PSDB, uma tentando mostrar que é menos pior do que a outra. Naquela época era mais legal, existiam quatro forças, PT, PSDB, Quércia e Maluf, uma tentando mostrar que era menos pior do que as outras.
                Dois anos depois, finalmente a glória. Enfim, Maluf ganhava uma eleição. Até hoje não sei como, mas a população de SP o elegeu prefeito uma semana e meia depois do impeachment de Collor e 4 ou 5 dias depois do massacre do Carandiru. Tenho três lembranças dessa eleição. 1) Minha mãe buzinou tanto que meu pai malufou; 2) Ela encheu a porta do apartamento em que morávamos com adesivos do Maluf, estragando-a para sempre; 3) Minha irmã, já com 14 anos e com idade para pensar sobre as coisas, apareceu em casa com uma bandeira do Suplicy. Eu a atirei pela janela, tomei uma bronca da minha irmã, que ficou uns 3 dias sem falar comigo, mas ganhei um parabéns da minha mãe. Foi uma consagração !
                Dois anos depois, uma eleição não tão legal, uma vez que não tinha Maluf. Ele não quis largar o cargo de Prefeito para concorrer ao Governo do Estado (viu Serra?). Minha mãe se encantou então com outro candidato, o ex-prefeito de Osasco Francisco Rossi (eu morava no centro de SP, Osasco parecia para mim o lugar mais distante do mundo). Meu pai estava muito doente à época e minha mãe escolheu Rossi porque ele tocou “Segura na mão de Deus” em um dos seus programas. Rossi foi para o segundo turno contra Covas, que recebeu o apoio do PT e de Maluf (sim, PT, PSDB e Maluf juntos contra o ex-prefeito de Osasco !). Minha mãe soltou pela primeira vez a frase “Maluf está errado”.
                Em 1996, com 12 anos, minha última eleição malufista. No ápice de sua popularidade, Maluf elegeu um poste, Celso Pitta, contra Luiza Erundina. Nessa época descobri que minha professora favorita era petista, isso me fez começar a rever alguns conceitos. Lembro da tosquice que foi o último debate, em que Pitta estava na Bandeirantes e Erundina na Globo, um chamando o outro de covarde. Foi a primeira eleição, acho, com urna eletrônica. Acho uma chatice, preferia cédula de papel.
                A partir de 1998 as eleições perderam a graça, uma vez que eu já tinha opinião própria, enxerguei em Maluf o ladrão corrupto, filhote da ditadura, como diria Brizola. Mas não consigo ter o ódio que a maioria das pessoas possui dele. Ele é um personagem nostálgico da minha infância, de uma época em que sempre achamos que nossa mãe está certa.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

MENSALÃO LEGALIZADO


Há certo tempo que deixei de ter posição política definida. O PT me decepcionou muito e, como paulista, não confio no PSDB. O PT também não tem mais ideologia política, igualmente a mim, mas não divulga isso em um blog.

Por conta disso, me sinto a vontade para falar de qualquer “lado” da política, pois para mim não votamos, mas simplesmente escolhemos que irá brincar com o nosso dinheiro pelos próximos 4 anos. Todos tem a mesma ideologia: Estar no poder.

O Brasil é um país que deu errado e nunca dará certo. É como uma casa com a fundação mal feita, não adianta remendar.

O brasileiro ficou horrorizado com o “mensalão”. O brasileiro exigiu e comemorou a punição dos envolvidos.

Mas, o que foi o mensalão? Esse esquema se tratou de uma manobra para utilizar dinheiro público desviado através de diversas empresas públicas er privadas para comprar o apoio de partidos e o voto de deputados. Claro que essa prática merece punição exemplar.

O que me intriga é que o governo tem uma ferramenta de compra de votos de parlamentares totalmente legalizada e que não causa estranheza na maior parte da população. Após cada eleição presidencial o novo presidente precisa comprar o apoio de partidos que foram aliados na campanha e que, provavelmente, serão aliados na Câmara e no Senado. Para isso, o novo presidente doa Ministérios aos seus amiguinhos. Caso o partido seja nanico, ganha uma Secretaria com status de Ministério.

Porque negociar Ministérios é tão normal assim? Ministérios são verdadeiras empresas com orçamento na casa dos milhões (ou bilhões), contratos com empresas privadas, que fazem licitações bilionárias e que empregam muita gente. Ganhar um Ministério é ganhar o poder de trabalhar com o dinheiro do contribuinte e a oportunidade de se beneficiar desse poder.

O Brasil é, realmente, um país que deu errado. A quantidade de partidos políticos faz com que o presidenciável, para ter tempo de TV, prometa um pedaço do bolo para cada aliado. A própria lei eleitoral ajuda a corrupção. Esse problema não existiria se os partidos tivessem ideologia, mas como o tempo de TV vale muito mais que ideologia, podemos ver fotos históricas como essas:



Depois de eleitos, os presidentes não governam se não tiverem apoio no Senado e na Câmara. Então pague apoio com um ministério, ora! O PMDB não se preocupa em ter presidente, isso é bobagem. O foco é ter senadores e deputados.

O nosso sistema é uma porcaria.

Graças a esse “mensalão legal” temos hoje ministros espetaculares. Marcelo Crivella é, por sua biografia, engenheiro civil, líder religioso, escritor e cantor gospel. Pela dívida de Dilma Rousseff com o PRB, o nosso cantor gospel exerce também a função de MINISTRO DA PESCA E AQUICULTURA.

O nosso ministro de Minas e Energia é o Edson Lobão. Político, jornalista, advogado e íntimo da família Sarney, Edson é o responsável por fazer o país produzir energia elétrica. Edson é filiado ao PMDB, partido que é historicamente conhecido por ficar do lado que ganha e que está no poder (ou melhor, ao lado dele) desde a ditadura. O PMDB consegue ter menos ideologia que o PT, mas o ponto positivo é que não negam isso. Se José Serra tivesse ganho em 2010, Edson Lobão seria ministro de Minas e Energia do governo Serra.

Não quero dizer que não podemos ter ministros de outra formação acadêmica. O próprio José Serra foi um dos mais importantes e atuantes ministros da saúde brasileiros, mesmo sendo economista. Mas existem casos em que é visível a utilização de Ministérios como pagamento de apoio político. Vimos recentemente casos em que partidos ameaçaram deixar a base do governo se não “ganhassem” ministérios. O PMDB tem 5 Ministérios e quer o da Integração Nacional. A moeda de troca será o apoio à Dilma Rousseff em outubro.

Outro problema recorrente da venda de cargos é a necessidade de se criar mais Ministérios. O Brasil conta com 39 Ministérios ou “Secretarias com status de Ministério” e o custo para manter essa engrenagem é de R$ 58 bilhões anuais. Para se ter ideia da inutilidade de tantos Ministérios, Barack Obama governa a maior economia do mundo com 15 pastas, a França possui 20, o Japão 19 e a Rússia 30. O Brasil tem tantos Ministérios que não existe mais espaço na Esplanada e o governo paga aluguel para sediá-los. Daqui a pouco teremos Ministérios em Sobradinho e Taguatinga, por falta de espaço em Brasília.

Eu, particularmente, prefiro o mensalão. O dinheiro desviado não deve representar 0,01% das negociatas que rolam nos Ministérios e evita que brinquem diretamente com saúde, educação, segurança, transportes, infraestrutura...

Vender poder sempre será uma prática de qualquer presidente brasileiro. Não sei se já escrevi isso, mas o Brasil é um país que deu errado.

Até o próximo post.

Celebridades na política






                Em 2014, o ano em que teremos a grande farra da Copa do Mundo em casa, viveremos no 2º semestre algo menos importante e que não precisa tanto da nossa atenção quanto o evento esportivo da FIFA: as eleições para presidente, governadores e mais uns cargos X. Será uma espécie de after-hours da grande festa de junho / julho. Dentre estes cargos, um deles é deputado federal, que normalmente traz os momentos mais inesquecíveis do horário eleitoral obrigatório. Quem consegue esquecer o Clodovil falando que 69 era seu número, ou o Maguila batendo num palhaço e, principalmente, o Tiririca escondendo o rosto. Isto tudo lembra a história da celebridade que talvez tenha sido a mais importante politicamente no país desde a redemocratização, o cantor Agnaldo Timóteo.
                Em 1982 tivemos a primeira eleição direta para governador desde o AI-5. Voltando do exílio forçado na França, o gaúcho Leonel Brizola, inimigo nº1 do regime militar, decidiu que concorreria ao governo do RJ ao invés do seu estado natal, pois queria ficar nos holofotes para uma possível empreitada presidencial. O problema era como tornar-se conhecido entre a população mais pobre do estado, cujo voto seria fundamental para as pretensões do candidato. Alguma mente brilhante veio com a ideia salvadora: “Que tal nos unirmos a alguma figura popular que possamos manipular?”. E eis que assim surgiu o convite a Agnaldo Timóteo, para que ele fosse candidato a deputado federal pelo RJ pelo PDT de Brizola. Antes, um pequeno parêntese: Por mais estranho que pareça hoje, Timóteo era o segundo artista mais popular do Brasil à época, perdendo apenas para Roberto Carlos. E lá foram eles, o cantor popular e o político esquerdista, saindo em carreata pelos locais mais pobres do RJ, atrás de votos. A tática deu certo: Brizola foi eleito governador e Timóteo tornou-se o deputado federal mais votado do Brasil.
                Um ano depois, veio a tempestade. Brizola fez em 1983 a mesma descoberta que um outro partido de esquerda faria a nível federal 20 anos depois: não há como governar sem distribuir cargos para o PMDB. A turma de Timóteo acabou ficando sem cargos no governo, enfurecendo o cantor de “Mamãe”. Após uma árdua discussão no Palácio das Laranjeiras, que incluiu Brizola chamando Timóteo de negro burro e safado, para que este, em seguida, puxasse uma arma sem munição, os dois praticamente romperam relações. Agnaldo, porém, manteve-se no PDT, criando um clima de guerra com o “dono” do partido.
                Entre 1984 e 1985, Timóteo participaria ativamente de duas das sessões mais importantes da história do Congresso Nacional: a que votou a emenda Dante de Oliveira e a que elegeu Tancredo presidente. Na primeira, Timóteo foi com o partido e com a multidão, votando a favor da emenda das Diretas Já. A encrenca veio na segunda.
                Em algum momento de 1984, Agnaldo se apaixonou pelas ideias de Paulo Maluf. Este era, naquele momento, o inimigo nº 1 da opinião pública nacional, o homem que impediu o povo brasileiro de realizar o sonho de votar para presidente da República. No Colégio Eleitoral de 1985, Timóteo deu um verdadeiro show. Não apenas foi o único deputado que não pertencia ao PDS (partido de apoio à ditadura) a votar em Maluf, como berrava contra todos os deputados que apoiaram a ditadura e haviam mudado de ideia ao fundar o PFL e apoiar Tancredo. Destacam-se, dentre estes berros, os gritos de moleque cheirador para o neto de Tancredo, Aécio, de traficante traidor para Nelson Marquezan, líder do PDS e chefe da campanha de Maluf, que virou a casaca no dia da eleição, e de índio analfabeto para Juruma, primeiro deputado indígena do país que votou em “Trancredo”.
                Foi nessa época também que a carreira artística de Timóteo entrou em decadência. Um músico popular não poderia apoiar um político tão impopular, e assim ele se tornou símbolo da derrota malufista. Os convites para tocar na TV escassearam, sobrando apenas poucos chamados de amigos fiéis, como Silvio Santos. Aos poucos ele entrou num ostracismo que hoje explica o porquê de um cantor que foi tão popular por 3 décadas não ter nenhuma música lembrada na atualidade. Uma espécie de Wilson Simonal, um pouco menos radical. Seu “crime” não foi tão grave.
                A carreira política de Timóteo continuou, sem tanto brilho, mas sempre com algumas polêmicas. Foi vereador no Rio de Janeiro e em São Paulo, em que se destacou pelo apoio ao projeto de Cesar Maia que queria proibir seios siliconados na Sapucaí, pelas visitas diárias a Paulo Maluf na cadeia e pela absurda defesa à prostituição infantil. Na última eleição, em 2012, perdeu a reeleição para a Câmara paulistana, pondo praticamente fim à sua carreira política.
                A trajetória de Timóteo mostra um lado que muitas celebridades desconhecem no momento em que entram na política. Existe um risco ao se tomar uma decisão impopular. Marquito, assistente de Ratinho, ficou um mês fora do ar no programa do SBT ao votar a favor do aumento do IPTU. Para o ex-cantor popular, a carreira política representou o fim da carreira artística.