segunda-feira, 28 de abril de 2014

NOBRES INTENÇÕES DE UM MILIONÁRIO... APAIXONADO, BURRO E TEIMOSO.


 
Sou corintiano, mas gosto de futebol e venho acompanhando a vida política palmeirense. Se você é daqueles palmeirenses que no final me mandarão cuidar do meu time, pare por aqui e digite o site do Avanti no seu navegador.

Vejo Paulo Nobre como um dos caras mais bem intencionados do futebol. Ele ama o Palmeiras, ele faz o que eu sempre digo que faria se ganhasse na loteria, ele coloca dinheiro do próprio bolso no clube.

Paulo Nobre assumiu o clube em ano de série B e pior, após a presidência de Arnaldo Tirone. Fez o que tinha que ser feito, montou um time barato e eficiente, contratou especialistas ao invés de distribuir cargos aos conselheiros que gostam de brincar de ser dirigente. Ao fazer do Palmeiras campeão da série B não fez mais do que a obrigação. Herdou muitas cagadas como o estádio, Valdívia e Wesley. Fez algumas cagadas como Barcos e Kardec.

Paulo Nobre instaurou a política da produtividade. Uma idéia muito boa para times pequenos ou com um elenco de renegados. Os jogadores que Paulo Nobre contratou vieram com esse tal contrato de produtividade e o Palmeiras montou um time de renegados bem competitivo.

Assisti boa parte da imprensa idolatrar o novo manager após a primeira fase do Paulistão, mas na minha cabeça sabia que esse castelinho iria desmoronar logo que fosse empossado o primeiro rei. Alan Kardec chegou a condição de selecionável e pronto, the bomb has been planted.

No elenco palmeirense existem altos salários para jogadores questionáveis ou não. Prass, Valdívia, Wesley e até Gilson Kleina inflam a folha de pagamentos. Prass é um bom goleiro, é útil, mas já tem 35 anos. Wesley chegou por 21 milhões de reais, deve sair de graça sem grandes conquistas. Gilson Kleina viu seu cargo ser colocado à disposição de inúmeros gringos para o ano do centenário, o que se tornou um tiro no pé para a diretoria que teve que ficar com o treinador por 300 paus. O Valdívia não merece muitos comentários, todos sabem que foi um mau negócio e que o Palmeiras o trocaria por uma Kombi, apenas para se livrar do seu salário.

Depois da saída do craque Barcos a diretoria do Palmeiras tentou acertar novamente e conseguiu. Alan Kardec chegou junto com espirituosos trocadilhos – como este – mas surpreendeu muita gente. Um bom jogador renegado pela Europa, perfil “Nobrelesco” de contratações. Paulo Nobre também rompeu com as organizadas, atitude louvável e digna de admiração, mas todos sabem que uma hora se paga o preço da ousadia.

Kardec virou o jogador mais querido pela torcida; estava resolvendo. São Paulo, Corinthians, Grêmio, todos interessados no jogador e, como na economia, existe a lei da oferta e da procura. Acertar contratos de produtividade com jogadores em que ninguém mais acredita é uma coisa, mas propor contratos de produtividade para as novas estrelas é algo muito difícil. Depois de semanas de negociação, tudo caminhava para um final feliz palmeirense; Paulo Nobre conseguiria o seu contrato de produtividade e o camisa 14 conseguiria o seu aumento de salário fixo para 220 mil. Em um lapso estrelismo, autoritarismo, graça ou burrice, o nosso milionário piloto de rally decidiu que pagaria 200 mil reais e nada mais; segundo o pai do jogador a diferença foi de 5 mil (pagaria 215 mil), fato que vou ignorar para que não fique ridículo. Alan Kardec é trabalhador, como todos nós, e tinha uma proposta são-paulina de 350 mil reias mensais (e fixos) nas mãos; nessa história não existe mercenário, existe o burro. Kardec cumpriu o seu contrato, se valorizou e deve ser pago pelo o que está jogando. Se o Valdívia ganha 400, o Kardec pode que pedir 500, se quiser. Jogador gosta de salário fixo, pois trabalha com o corpo e se estourar o joelho, quer estar garantido. Paulo Nobre e Brunoro querem tratar jogador que nem funcionário público: 30% de salário base + 70 de gratificações. Hoje quem está feliz é o Kardec; ganha 350 mil, receberá luvas e caso trinque uma vértebra e não possa jogar por 4 anos, ganhará 350 mil reais mensais. Quanto ao São Paulo ainda não sabemos, mas os que perderam foram Nobre, Brunoro, Gilson Kleina e, principalmente, a torcida que canta e vibra.

Por uma birra de 20 mil reais Paulo Nobre conseguiu trazer contra si, além de oposição e organizadas, o torcedor comum; esse torcedor que fez de Alan Kardec o recordista na venda de camisas nas lojas palmeirenses, o torcedor que clama por um centenário melhor que o dos rivais, o torcedor que viu o seu time ser eliminado pelo Ituano, justo nesse ano tão importante. Organizadas estão com as pedras na mão e dispostas a recuperar o espaço nas arquibancadas que perderam com o Avanti.

Já foi lançada uma campanha para o pagamento do Avanti por produtividade, como gosta o Paulo. Se o Palmeiras ganha, recebe. Se não ganha, não recebe. É mais uma vez a política destruindo todo o romantismo do futebol, pois até os ditos mais fanáticos estão usando uma situação em benefício próprio; o problema é que foi Nobre quem deu a munição.

O Palmeiras acaba de contratar Henrique, da Portuguesa, para o lugar de Kardec. É como perder uma geladeira e comprar isopor com gelo. Mas essa é a nova política palmeirense: Compre barato, valorize o jogador e deixe-o ir, sempre na esperança de acertar outra vez. Acertaram com Barcos e Kardec, a bola da vez é o Henrique, que promete fazer jus à “linha atacante de raça”, mas somente isso. O Palmeiras de outrora que era ponte e vitrine para a Europa não existe mais, agora se tornou vitrine para outros grandes clubes brasileiros, infelizmente.

Burrice, aliada ao poder e a teimosia faz com que o ídolo do time pule o muro para o rival; tudo isso por conta de 20 – ou 5 –  mil reais, muito menos do que um final de semana de rally na Grécia.




Nenhum comentário:

Postar um comentário